Ensaiando

WikiLeaks: o Dossiê Pelicano no ventilador da internet


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Quando surgiu essa polêmica notícia de que um site havia divulgado documentos confidenciais da diplomacia americana, na hora me veio a mente meio que a história do filme Dossiê Pelicano (baseado no livro de John Grisham, editado entre nós pela Rocco), com Julia Roberts, Denzel Washington, Sam Shepard e outros.

No filme acontecem assassinatos, sem solução, de pessoas do alto escalão da magistratura. A personagem de Julia investiga e prepara um dossiê contendo as suas opiniões e estudos sobre os autores e motivações desses crimes. Ela chega a uma surpreendente conclusão e, nas mãos erradas, as informações daquele documento significariam uma revolta na política do país.

Assim, quando Darby vê que a sua vida corre perigo e tem apenas ao seu lado Gray Grantham, um jornalista, ele passa a ajudá-la a tentar solucionar e tornar públicos os esquemas de corrupção e poder por completo.

Um bom filme de suspense com ação na medida certa e um pano de fundo que sempre retorna… as coisas escondidas. A sujeira varrida para baixo do tapete.

É possível, bem provável e dado como certo, que praticamente todas as nações tenham algo assim, documentos mais sensíveis, indesejados de serem tornados públicos.

O WikiLeaks, porém é responsável pelo vazamento de 250 mil telegramas secretos da diplomacia norte-americana,  se restringindo ao país que patrulha o mundo: o poderoso EUA.

O governo e os políticos americanos se colocam na posição de supremacia além de suas fronteiras e isso é visto em inúmeros eventos e acontecimentos (no governo Bush), como por exemplo a invasão de um país, com forças militares, atrás de material nuclear que NUNCA foi encontrado no Iraque.

Mas existe muito mais casos obscuros, como a omissão da ação americana em Ruanda (no governo Clinton) que poderia ter evitado um genocídio, entre outros… casos e governos de outros países também.

Quem se interessar em conhecer ou aprofundar especificamente sobre isso vale conferir e ler o livro de Samantha Power: “A Problem from Hell: Americain the Age of Genocide” (“Genocídio – A Retórica Americana em Questão“). Editado no Brasil pela Companhia das Letras (2004), 693 páginas.

O livro é “um estudo sobre a reação dos Estados Unidos aos genocídios ocorridos no século XX. A autora examina o massacre dos armênios pelos turcos, o Holocausto, o Khmer Vermelho no Camboja, o extermínio dos curdos no Iraque e as guerras étnicas na ex-Iugoslávia e em Ruanda. Embora o título mencione apenas os Estados Unidos, o resultado é um painel mais amplo, abrangendo os papéis desempenhados por governos, imprensa, organizações internacionais, políticos e organizações não-governamentais (ONGs) nas crises internacionais que envolvem esse tipo de crime.” (1)

(1) Ler aqui, na íntegra, a resenha de Maurício Santoro para o livro “Genocídio – A Retórica Americana em Questão”, de Samantha Power. (no site da PUC e no Scielo)

Voltando ao WikiLeaks.

Interessante ver como as posições contra e a favor vem a tona.

Assim como curioso é também o indivíduo responsável ser acusado do crime sexual de estrupro. Terá sido esse crime um evento real e concreto ou algo plantado??? Estarão todos os abusadores sexuais da Europa fichados na Interpool???

Pois nada melhor para desmoralizar uma denúncia do que desqualificar o autor da mesma. Isso até Hollywood conhece e sabe fazer com vendas nos olhos e pé nas costas, em dezenas de roteiros repetitivos de filmes.

O positivo da história é que muitos americanos mesmo tem se manifestado a favor da divulgação, dizendo que é bom para a democracia que tudo venha a tona a fim de que a sociedade possa julgar as ações do governo. Desmentindo o estigma de que “todos (americanos) pensam como um” ou que tudo na terra do Tio Sam seja reduzido à Disneylandia e a Quinta Avenida. Isso não é verdade.

Já outros americanos e pessoas por todo o mundo se referem à ilegalidade de se divulgar documentos confidenciais, pois supostamente a diplomacia é “ferida” nesse processo. Ou seja, a mentira, hipocrisia e falsidade nos relacionamentos são a tônica.

No momento Julian Assange, fundador do WikiLeaks, encontra-se preso, porém as novidades devem constinuar a ser postadas no site. Só para se ter uma idéia, até o dia 6 de dezembro de 2010 o WikiLeaks já possuia 209 endereços diferentes com os chamados sites espelho, os mirrors, cópias idênticas de suas páginas em endereços e servidores diferentes. Hoje, dois dias depois (8 de dezembro) a lista quadruplicou. Até a presente hora constam 1334 sites espelho. E os números progridem a cada refresh (veja a lista).

Mas nem só documentos sobre achismos diplomáticos são trazidos à tona, mas também assassinatos por engano, como o vídeo gravado pelo próprio exercito americano mostra… ou melhor, não mostrava, mas encobria, pois o vídeo foi catalogado como “secreto”.

O WikiLeaks liberou um vídeo militar classificado com dos EUA onde a própria filmagem que as Forças Armadas americanas costumam fazer dos ataques descreve a execução indiscriminada sobre de uns dúzia de pessoas no subúrbio iraquiano de Bagda. Incluindo dois funcionários da agência de notícias Reuters. A Reuters tem tentado, desde então, obter o vídeo alegando liberdade de ato da informação, sem sucesso desde a época do ataque. O vídeo filmado de um helicóptero Apache (já está no youtube) mostra, rajadas de metralhadora disparada em direção à pessoas que sairam de uma van para socorrer um dos jornalistas que se encontrava ferido pelo primeiro ataque. A van é literalmente fuzilada e as pessas mortas, logo após a voz no vídeo de um provável m ilitar americano diz que havaim também crianças dentro da van, que foram gravemente feridas (senão mortas). O vídeo mostra claramente a execução covarde de um empregado da agência de noticias Reuters e das pessoas que tentavam lhe socorrer. Duas crianças, que aguardavam no carro, foram feridas seriamente. Todas as pessoas baleadas estavam desarmadas e não realizam movimentos ofensivos, como mostra claramente o vídeo, na melhor política de atirar primeiro e ver o que acertamos, depois.

*atualizando: O Youtube “fechou” o video, classificando-o como restrito aqui:

http://www.youtube.com/verify_age?next_url=http%3A//www.youtube.com/watch%3Fv%3D5rXPrfnU3G0%26feature%3Dplayer_embedded

Mas o site consegue transmití-lo aqui:

http://translate.google.com/translate?hl=pt-BR&sl=en&u=http://www.collateralmurder.com/&prev=/search%3Fq%3DWikiLeaks%26hl%3Dpt-BR%26client%3Dfirefox-a%26hs%3DmdH%26rls%3Dorg.mozilla:pt-BR:official%26prmd%3Divnl&rurl=translate.google.com.br

O socorro ocorre entre o nono minuto de vídeo (aprox. 9:32 ou um pouco antes para compreender melhor a cobertura, culminando com o fuzilamento covarde aprox aos 11:00) e nos minutos seguintes onde mencionam “civilian” e “kids” (aos 17:47). Quando um pouco antes um soldado corre com o corpo de uma das crianças nos braços, na tentativa de socorrê-la.

* (como são vários minutos de vídeo e o mesmo parece estar sendo derrubado constantemente, deixarei abaixo os screens do mesmo, atualizando com um link para o vídeo, assim que for possível).

“Uma pessoa era ferida e rastejando afastado, mas o grupo do helicóptero manteve-o em suas vistas, incitando o alcangar para uma arma, de modo que pudessem abrir o fogo outra vez.”

(extraído deste espelho)

*   *   *   *

Se são mentiras desse tipo que tentam ser encobertas por muitos, então…

Vida longa ao WikiLeaks !!!!

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